segunda-feira, 21 de abril de 2008

as Músicas do Manicómio - lado A

1. CEBY


A primeira música do lado A. Pretendia ser o hit do disco, com aspirações a single forte, mas não foi assim.
É um tema escrito e composto pelo Luís Cabral, que fala de companheiras reais, do tempo do Iodo, o "Ce" de uma e o "By" de outra. Claro que conheci ambas e os seus nomes, mas por motivos óbvios não os divulgarei.
Particularmente nunca gostei muito, desta música. Nunca acreditei que fosse o tema forte do disco, embora na pálida aparição radiofónica fosse o tema indicado pela banda para ser tocado. Como já referi aqui, o tema forte seria o "Expiração de um Louco".
Esta canção deu origem a um teledisco, realizado já depois da minha saída.



BONECA DE CERA CEBY


CEBY forjicada p'la vida
buscas nos meus a imagem cabina
moldada por mãos e sexo
rasgas o tempo com pavor


BONECA DE CERA CEBY; CEBY; CEBY
BONECA DE CERA CEBY; CEBY; CEBY


Na cama sob tectos
compras ácidos por amor

Olhas cega, sim
fazes por isso duquesa

embora no orvalho do túnel
berras, vertes gotas secas na marquesa


BONECA DE CERA CEBY; CEBY; CEBY
BONECA DE CERA CEBY; CEBY; CEBY


Nas camas nos ácidos
uuuuuuuaaaaaah!


BONECA DE CERA CEBY; CEBY; CEBY
BONECA DE CERA CEBY; CEBY; CEBY


2. LENDAS


Este tema composto inicialmente por mim, baseado num conceito de umas "malhas" que o Luís fazia. Peguei nas ditas "malhas" e trabalhei a música dando-lhe cabeça, tronco e membros. Desde o oh-oh inicial, toda a letra, harmonia e estrutura.
Como testemunham as sobreviventes cassetes audio esta música foi tocada ao vivo em muitos concertos, com outra letra, e outro nome já com a estrutura que aparece no LP.
Surpreendentemente, ou não, já em estúdio, o Madeira aparece com uma letra totalmente diferente, e a musica é registada como sendo do Luís Cabral, o que não corresponde à verdade. E como se isso não bastasse, há cerca de um ano descobri casualmente o verdadeiro autor da letra, que na data dava explicações ao Luís.
Ainda fica por saber quantas letras este actual professor escreveu anónimamente para o Iodo...

Musicalmente considero um tema bem estruturado, embora bastante adulterado no formato vinilico.
A versão ao vivo tinha muito mais power. Foi a única musica que gravei com duas guitarras, a Gibson e uma folk acústica.


Dorme e viaja ao passado
na era sombria
contos mal cantados
havia magia


num cavalo alado
libertas Medeia
és Perseu armado
tens Medusa na ideia


Deitas-te com a nostalgia
trovas e lendas
viagens à Mitologia
onde bebes velhas sendas


A tua terra é diferente
da que irás conhecer
quem sabe o que o aço sente
na batalha ao morrer


Voas com o tempo
acercas-te da besta
no teu quarto quente
desferes a fresta


Deitas-te com a nostalgia
trovas e lendas
viagens à Mitologia
onde bebes velhas sendas


OOOOOOOOOOOOH!
OOOOOOOOAAAH!



3. AS NOVAS DAS TESOURAS VELHAS

Sempre gostei deste tema. Simples como são as coisas boas. Da autoria do Luís, letra e musica. Não o tocámos muito ao vivo, pois esta musica bem como a seguinte, surgiram no encalço do LP, em deterimento de outros temas de comprovada força nos concertos. Mas considero ter sido uma boa escolha e uma abertura para outras sonoridades, esta sim, que o Iodo poderia ter explorado. É uma canção onde o Madeira explora os seus falcetes que tanto o caracterizavam como um dos melhores vocalistas da época, e de facto o Rui Madeira, tinha uma voz muito original e abrangente.


Em troca dos segredos profundos

nas trazeiras busco as minhas amas.

sequiosas da minha ternura

Sequiosas da minha ternura

com que cortam vingativas, a minha carne

em troca dos segredos, segredos, segredos


4. FOZ DE UM BEIJO

Outra canção que surge para integrar o LP, também da autoria do Luís Cabral, ensaiada para o disco e não para o palco. Gostei especialmente do solo que concebi para esta musica, em que nas várias vezes que a toquei me deu bastante pica. Embora de concepção diferente da anterior, é outra musica onde o Madeira podia soltar o seu falcete.


Achei-te, bela, incerta , embora sendo a mágua
duma certeza

Respiro pela ruína erecta, durante folhas de tempo

de quando te admirei

a realeza

Encheste-me de secura e sangue

num lago de perdidos

enquanto o tempo saía das vertigens

naquele canto da noite perto

do exílio do sono

via na horas, a dor

que quanto sofrias

estranho sentir aquele

perto dos tanques

pleno de lágrimas do orvalho caído

a sensação dum engano

às virgens, virgens, virgens

Levei-te de volta ao teu ghetto

desprotegida

e não, quando nos olhamos nus

Respiro pela janela erecta

durante folhas do tempo

de quando te admirei.

Sónia desce e sobe o passeio da ama

acena ri e geme

a dúvida da cama

O gemido, a dor, o olhar

o riso, o calor, o tocar


(-) INTRODUÇÃO PARA O LADO B

Na composição deste pequeno instrumental eu usei uma guitarra folk, imaginei toda a música, acordes, tempos e forma de apresentação. O Luís colocou umas frases de strings por cima. Este foi um tema criado com deveriam ter sido todos. Em conjunto, fluindo, em que cada elemento dá o seu contributo. É assim que entendo uma banda. Um Grupo. É muito simples de tocar, e ainda hoje a toco de vez em quando nas minhas actuais noites no Seixal ou Azeitão.











2 comentários:

Anônimo disse...

Engraçado ouvi este Lp esta 4ª feira por 2 vezes, continuo a gostar em cerca de 70% do material desse Lp, por acaso tenho 2 exemplares, e até é um disco muito procurado tendo em conta as boas ofertas que tem tido.
Um abraço

Anônimo disse...

http://cultodovinil.blogspot.com/2007/04/iodo.html

aqui tem as fotos do material que coloquei no meu blog faz um tempito.