Ele:

As fotos queriam-se temáticas. Aproveitámos o nosso slogan "do mar para o rock" e fomos fazer fotografias para a Costa da Caparica, literalmente no mar. Na minha opinião, e transportando-nos à época, creio que o mote era bom, e causou algum impacto e até polémica, ver cinco gajos, vestidos, dentro de água, com instrumentos e tudo. Lembro-me que a Ibanez ficou com alguma sal-moura depois da dita sessão fotográfica. Segundo a contra-capa dos singles as fotos são do Luís Vasconcelos.
O tratamento dos temas selecionados foi feito na nossa sala de ensaio. Havia que selecionar quatro temas que seriam registados no estúdio, para editarmos 2. Os temas foram arestados ou formatados às normas ou exigências do mercado, levando uns cortes aqui e ali, uns retoques acolá, e até uma ligeira censura na letra do Malta à Porta.
Gravámos os 4 temas em dois dias, no Angel Studio, com o Manuel Fortes como técnico de som e o Manuel Cardoso, na produção.
A esta distância, ou seja, hoje, eu não tenho nenhuma dúvida em afirmar que o som Iodo é o som destes temas que gravámos. Era o som que nos caracterizava, que tocávamos em palco, e que de certa forma espelhava um trabalho colectivo, em que todos participam de igual forma.
Escutando os singles, e o LP, e comparando com os nossos concertos vemos que o som Iodo, dos singles é o que tem aquela garra e vivacidade, perdida práticamente no LP, salve-se uma tentativa no "Expiração de um Louco".
A passagem pelo Angel Studio foi tão volátil como a carreira dos Iodo. O que interessava era colocar os temas em fita, sem haver tempo a gastar, pois uma hora de estúdio custa dinheiro. Contudo nos quatro temas ficou fielmente registado o nosso som, e quem nos ouviu e viu ao vivo não encontrou grandes diferenças.
A voz do Madeira, a marcação do Alfredo, o som inconfundível do Luís, as malhas do Tó Pê, bem como os meus solos, estavam ali nos discos, tal como nos palcos, embora ao vivo o pessoal estendesse um pouco mais os temas, e principalmente após a saída do Malta à porta.
Desde o horário para fazer som, à disposição do back-line no palco, até ao próprio som que sai tanto para o palco como para o público, tudo está condicionado ao formato da banda principal. para não falar do público que óbviamente está no recinto para assistir ... à banda principal, que neste caso estava "em altas" graças ao estrondoso impacto que o "Cavalos de Corrida" provocou. Estávamos no início de 1980, e antes do "Chico Fininho" já se gritava por esses palcos fora: "agora, agora, agora, agora, tu és um cavalo de corrida..."
No caso dos concertos com os UHF, houve uma aceitação geral por parte do público deles ao nosso grupo, e além do mais as nossa bandas desenvolviam boas relações tanto a nível de músicos, como de road-managers, e roadies. Pelo que o trabalho era mais facilitado.
Além do mais o som UHF e o do Iodo, era totalmente diferente, embora por curiosidade eu e o Renato Gomes, o guitarrista e meu ex-colega de Liceu, tocássemos com duas guitarras exactamente iguais, as Gibson The Paul.
Em outros palcos, com outras bandas, por vezes existiam aquelas corriqueirices típicas da competição que nunca devia existir na música. Tipo chegarmos a um palco e os espaços estarem ocupados tão estratégicamente que ficava difícil colocarmos o nosso back-line de forma a permitirmos criar o nosso espaço habitual.
Música é partilha, logo não pode haver competição, porque não é desporto.
As bandas com as quais estivemos mais à vontade, foram os Trovante e os Jáfumega. Era um respeito mútuo, uma partilha que tinha como objectivo apenas servir quem nos iría escutar.
A pior experiência em tudo foi na primeira parte do Iggy Pop, no Dramático de cascais.Episódio a que me referirei detalhadamente.
7.11
Loures. Com os UHF - 8.000$00
28.11
Coimbra. Com os UHF e os GNR
Castelo Branco. Com os King Fisher Band - 35.000$00
Concerto onde estreamos o nosso PA Furacão
27.12
Alfeite. Tó Pê a solo na primeira parte
28.12
Alfeite - 8.000$00
30.01.1981
Santarém. Com os UHF - 10.000$00
3.02
Lisboa. Rock Rendez-Vous - 10.000$00
5.02
Lisboa. Rock Rendez-Vous -10.000$00
Estreia da Gibson
14.02
Coimbra. Com os Street Kids - 27.000$00
21.02
Benedita. Com os UHF - 15.000$00
12.03
Lisboa. Rock Rendez-Vous - 10.000$00
4.04
Tramagal - com os UHF - 15.000$00
11.04
Cova da Piedade,SFUAP - com os UHF e 26TMG - 15.000$00
2.05
Lisboa. Programa de rádio em directo Febre de Sábado de Manhã. No cinema Nimas.
5.05
Lisboa. Rock Rendez-Vous - 4.800$00
31.05
Lisboa. Estúdios da RTP no Lumiar. Programa em directo Passeio dos Alegres.
05.06
Grândola - 15.000$00
6.06
Cova da Piedade. SFUAP. Cinema - 10.000$00
13.06
Coimbra. Festival Só Rock
14.06
Paivas. Com os TIR - 15.000$00
26.06
Cascais. Pavilhão do Dramático. Primeira parte do Iggy Pop
4.07
Grândola. Para o PCP - 20.000$00
Estreia do Alcobia
11.07
Paivas. Para o PCP - 15.000$00
16.07
Rock Rendez-Vous - 12.000$00
17.07
Lisboa. Instituto das Belas Artes. Com várias bandas - 20.500$00
18.07
Porto de Mós. Com os Hob Nob - 30.000$00
25.07
Porto. Discoteca Iodo
31.07
Samora Correia. Com os Opinião Pública - 35.000$00
1.08
Vila Nova de Ourém. Com os Hot Band - 35.000$00
2.08
Pinhal Novo. Para o PCP - 15.000$00
6.08
Lisboa. Rossio. Manifesto "No Nuks", com várias bandas
O TóPê fugiu antes do concerto.
7.08
Gouveia - 36.000$00
13.08
Sines - 40.500$00
Estreia da bateria Pearl
14.08
Vieira de Leiria. Com os Magma - 45.000$00
15.08
Costa da Caparica. Com os 26TMG - 40.000$00
Levei com um pedregulho de gelo no sobrolho
16.08
Penamacôr. Com os Clepsidra - 45.000$00
22.08
Ferragudo. Com os Trovante - 40.000$00
O Tó Pê começou a partir o baixo em pleno concerto
23.08
Cabanas de Tavira. Com o Vasco Rafael - 45.000$00
28.08
Santa Maria de Lamas. Com os UHF - 63.000$00
4.09
Batalha. Com várias bandas - 35.000$00
5.09
Palmela. Com os UHF - 35.000$00
6.09
Lisboa. Alto da Ajuda. Festa do Avante
12.09
Estarreja. Com os Jáfumega - 55.000$00
25.09
Aveiro. Não houve condições para o concerto por causa de um ciclone.
26.09
Rossio ao Sul do Tejo. Com os Trovante - 10.000$00
Tocámos com o palco inundado.
27.09
Beja. Praça de touros. Com os Taxi - 50.000$00
3.10
Moscavide. Para a APU - 38.250$00
4.10
Paço d'Arcos. Festa de aniversário dos 6 de Portugal
Amadora. Com os Rock & Varius - 40.000$00
9.10
Lisboa. Pontinha. Para a APU -38.250$00
10.10
Pataias. Pizões. Com várias bandas - 60.000$00
30.10
Almada. Incrível Almadense. Com os Rock & Vários e os UHF - 35.000$00
31.10
Febre de Sábado de Manhã
Negrais. Com os Orpor - 35.000$oo
Porque tocámos mais 30 minutos ofereceram-nos um leitão assado.
1.11
Palmela. Quinta do Anjo. Para a APU - 38.250$00
8.11
Barreiro - 35.000$00
21.11
Passeio dos Alegres
28.11
Viseu. Carregal do Sal - 60.000$00
01.12
Elvas. Cine-Teatro - 50.000$00
05.12
Guimarães. Felgueiras. Com os Jáfumega - 65.000$00
12.12
Peniche. Autoguia da Baleia 60.000$00
19.12
Ponte de Sôr - 55.000$00
20.12
Vila Franca de Xira - festa do Musicalíssimo - 15.000$00
26.12
Tomar - 55.000$00
30.12
Rock Rendez-Vous - 3.000$00
31.12
Alfeite - particular
08.01.1982
Seixal. Sociedade Filarmónica União Seixalense. Com o Grupo de Baile
16.01
Portalegre - 55.000$00
23.01
Figueira da Foz - 75.000$00
06.02
Pataias. Com os TNT - 60.000$00
20.02
Portela de Sacavém - 55.000$00
28.02
Seixal. SFUS. Com os UHF - 50.000$00
05.03
Cova da Piedade. Com os UHF - 50.000$00
Já com a minha anunciada saída dos Iodo.
A minha onda era muito Genesis e
Supertramp. E também partilhada pelo Alcobia.
Esta é a fase pré-Iodo, em que tivemos de nos adaptar uns aos outros, tivemos de usar de algum modo prático e comercial para conseguir angariar fundos para o suporte de material do Iodo. Ao mesmo tempo que começámos a compor e ensaiar os temas originais.
Creio que a fase do Eléctrico serviu também para nos rodar, e nos familiarizar com a estrada, pura e dura. Ora tocando em bons palcos e boas salas, com boas condições, ora tocando para a Comissão de Festas do Retaxo, em palcos improvisados.
Ao todo o Eléctrico teve 78 actuações até 23/06/81. Em Casebres, perto de Alcécer do Sal.
Apesar do propósito financeiro, o Eléctrico, foi uma saudável banda de bailes, com características muito invulgares, observando os padrões seguidos na época, e até mesmo nos dias de hoje.
Vestíamos todos de igual, umas roupas diferentes do convencional, confecionadas pela mãe do Cabral, que tinha uma fábrica de confecções. Era uma calça larga, azul escura, que contrastava com as calças justas tão na moda, e uma camisa de gola à padre, também azul. E calcávamos sapatinho branco.
Junte-se a isto uma grande dose de irreverência em palco, e um reportório ousado, e temos a receita para um grupo de bailde de sucesso.
Em parte a influência roqueira dáva-nos o mote para a tal irreverência, e muitas vezes tornámos actuações em pequenos concertos. Por isso tocávamos Devo, Pink Floyd, OMD, Buggles, com alguma fidelidade aos originais, bem como na hora de tocar músicas calmas, os chamados slows , tocávamos uma hora seguida para bom proveito dos casalinhos...