A primeira música do lado A. Pretendia ser o hit do disco, com aspirações a single forte, mas não foi assim.
É um tema escrito e composto pelo Luís Cabral, que fala de companheiras reais, do tempo do Iodo, o "Ce" de uma e o "By" de outra. Claro que conheci ambas e os seus nomes, mas por motivos óbvios não os divulgarei.
Particularmente nunca gostei muito, desta música. Nunca acreditei que fosse o tema forte do disco, embora na pálida aparição radiofónica fosse o tema indicado pela banda para ser tocado. Como já referi aqui, o tema forte seria o "Expiração de um Louco".
Esta canção deu origem a um teledisco, realizado já depois da minha saída.
BONECA DE CERA CEBY
CEBY forjicada p'la vida
buscas nos meus a imagem cabina
moldada por mãos e sexo
rasgas o tempo com pavor
BONECA DE CERA CEBY; CEBY; CEBY
BONECA DE CERA CEBY; CEBY; CEBY
Na cama sob tectos
compras ácidos por amor
Olhas cega, sim
fazes por isso duquesa
embora no orvalho do túnel
berras, vertes gotas secas na marquesa
BONECA DE CERA CEBY; CEBY; CEBY
BONECA DE CERA CEBY; CEBY; CEBY
Nas camas nos ácidos
uuuuuuuaaaaaah!
BONECA DE CERA CEBY; CEBY; CEBY
BONECA DE CERA CEBY; CEBY; CEBY
2. LENDAS
Este tema composto inicialmente por mim, baseado num conceito de umas "malhas" que o Luís fazia. Peguei nas ditas "malhas" e trabalhei a música dando-lhe cabeça, tronco e membros. Desde o oh-oh inicial, toda a letra, harmonia e estrutura.
Como testemunham as sobreviventes cassetes audio esta música foi tocada ao vivo em muitos concertos, com outra letra, e outro nome já com a estrutura que aparece no LP.
Surpreendentemente, ou não, já em estúdio, o Madeira aparece com uma letra totalmente diferente, e a musica é registada como sendo do Luís Cabral, o que não corresponde à verdade. E como se isso não bastasse, há cerca de um ano descobri casualmente o verdadeiro autor da letra, que na data dava explicações ao Luís.
Ainda fica por saber quantas letras este actual professor escreveu anónimamente para o Iodo...
Musicalmente considero um tema bem estruturado, embora bastante adulterado no formato vinilico.
A versão ao vivo tinha muito mais power. Foi a única musica que gravei com duas guitarras, a Gibson e uma folk acústica.
Dorme e viaja ao passado
na era sombria
contos mal cantados
havia magia
num cavalo alado
libertas Medeia
és Perseu armado
tens Medusa na ideia
Deitas-te com a nostalgia
trovas e lendas
viagens à Mitologia
onde bebes velhas sendas
A tua terra é diferente
da que irás conhecer
quem sabe o que o aço sente
na batalha ao morrer
Voas com o tempo
acercas-te da besta
no teu quarto quente
desferes a fresta
Deitas-te com a nostalgia
trovas e lendas
viagens à Mitologia
onde bebes velhas sendas
OOOOOOOOOOOOH!
OOOOOOOOAAAH!
3. AS NOVAS DAS TESOURAS VELHAS
Sempre gostei deste tema. Simples como são as coisas boas. Da autoria do Luís, letra e musica. Não o tocámos muito ao vivo, pois esta musica bem como a seguinte, surgiram no encalço do LP, em deterimento de outros temas de comprovada força nos concertos. Mas considero ter sido uma boa escolha e uma abertura para outras sonoridades, esta sim, que o Iodo poderia ter explorado. É uma canção onde o Madeira explora os seus falcetes que tanto o caracterizavam como um dos melhores vocalistas da época, e de facto o Rui Madeira, tinha uma voz muito original e abrangente.
Em troca dos segredos profundos
nas trazeiras busco as minhas amas.
sequiosas da minha ternura
Sequiosas da minha ternura
com que cortam vingativas, a minha carne
em troca dos segredos, segredos, segredos
4. FOZ DE UM BEIJO
Outra canção que surge para integrar o LP, também da autoria do Luís Cabral, ensaiada para o disco e não para o palco. Gostei especialmente do solo que concebi para esta musica, em que nas várias vezes que a toquei me deu bastante pica. Embora de concepção diferente da anterior, é outra musica onde o Madeira podia soltar o seu falcete.
Achei-te, bela, incerta , embora sendo a mágua
duma certeza
Respiro pela ruína erecta, durante folhas de tempo
de quando te admirei
a realeza
Encheste-me de secura e sangue
num lago de perdidos
enquanto o tempo saía das vertigens
naquele canto da noite perto
do exílio do sono
via na horas, a dor
que quanto sofrias
estranho sentir aquele
perto dos tanques
pleno de lágrimas do orvalho caído
a sensação dum engano
às virgens, virgens, virgens
Levei-te de volta ao teu ghetto
desprotegida
e não, quando nos olhamos nus
Respiro pela janela erecta
durante folhas do tempo
de quando te admirei.
Sónia desce e sobe o passeio da ama
acena ri e geme
a dúvida da cama
O gemido, a dor, o olhar
o riso, o calor, o tocar
(-) INTRODUÇÃO PARA O LADO B
Na composição deste pequeno instrumental eu usei uma guitarra folk, imaginei toda a música, acordes, tempos e forma de apresentação. O Luís colocou umas frases de strings por cima. Este foi um tema criado com deveriam ter sido todos. Em conjunto, fluindo, em que cada elemento dá o seu contributo. É assim que entendo uma banda. Um Grupo. É muito simples de tocar, e ainda hoje a toco de vez em quando nas minhas actuais noites no Seixal ou Azeitão.
2 comentários:
Engraçado ouvi este Lp esta 4ª feira por 2 vezes, continuo a gostar em cerca de 70% do material desse Lp, por acaso tenho 2 exemplares, e até é um disco muito procurado tendo em conta as boas ofertas que tem tido.
Um abraço
http://cultodovinil.blogspot.com/2007/04/iodo.html
aqui tem as fotos do material que coloquei no meu blog faz um tempito.
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